O coletivo Hedera 4tet é um quarteto composto pelos músicos Carlos Zíngaro, Bernardo Aguiar, David Magalhães Alves e Francisco Lima da Silva. Aliam-se neste grupo duas gerações distintas, estabelecendo-se pontes intergeracionais que se alimentam e definem mutuamente.
No Space Festival 2025, apresentam-se acompanhados pelo ator Miguel Moreira, no âmbito de um projeto inovador que têm estado a desenvolver com incidência na cocriação e interpretação de obras de reconhecidos artistas nacionais de diversas disciplinas, como Pedro Calapez, Vera Mantero, António Jorge Gonçalves, Pedro Carneiro, Gonçalo M. Tavares, entre outros.
Todos os convidados deste projeto foram desafiados a “compor” obras especificamente para o ensemble, que são cocriadas e interpretadas pelos músicos do quarteto. Ao abordar obras de composição musical, arte visual, coreografia e escrita, os Hedera 4tet ampliam o entendimento da composição, permitindo a diferentes expressões uma comunicação transversal, estabelecendo e influenciando outras noções de interpretação e criação sonora. Foram construídas novas pontes entre as diferentes formas de expressão, procurando entender a criação sonora de um ponto de vista musical, visual, físico e literário. Algumas das questões abordadas são: Como entender visualmente o som? Como interpretar uma frase escrita ou fragmento de um poema de forma musical? Que vias possíveis se estabelecem na leitura do movimento físico de uma partitura coreográfica através do olhar de um instrumentista?
→ Data, hora e local do concerto a anunciar.
The Hedera 4tet collective is a quartet composed of musicians Carlos Zíngaro, Bernardo Aguiar, David Magalhães Alves, and Francisco Lima da Silva. The group brings together two distinct generations, establishing intergenerational bridges that both nourish and define one another.
At Space Festival 2025, they will be joined by actor Miguel Moreira, as part of an innovative project they have been developing focused on co-creation and the interpretation of works by renowned national artists from various disciplines, such as Pedro Calapez, Vera Mantero, António Jorge Gonçalves, Pedro Carneiro, Gonçalo M. Tavares, among others.
All the guest artists in this project were invited to "compose" works specifically for the ensemble, which are then co-created and interpreted by the quartet's musicians. By engaging with works of musical composition, visual art, choreography, and writing, Hedera 4tet broadens the understanding of composition, allowing different modes of expression to communicate across disciplines. In doing so, they establish and influence new approaches to sound interpretation and creation. New bridges have been built between different forms of expression, in a pursuit to understand sonic creation from musical, visual, physical, and literary perspectives. Some of the questions explored include: How can sound be understood visually? How can a written phrase or fragment of a poem be interpreted musically? What possible pathways arise when a musician interprets the physical movement of a choreographic score?
→ Date, time, and venue of the concert to be announced.
Carlos Zíngaro, Bernardo Aguiar, David Magalhães Alves, Francisco Lima da Silva - Violino / Violin
Miguel Moreira - Performance
Carlos Zíngaro, nascido em Lisboa em 1948, é violinista, compositor e músico experimental. Reconhecido como um dos pioneiros na interação em tempo real e na introdução de novas tecnologias na composição em Portugal, ele também se destaca como cenógrafo, artista plástico, pintor, ilustrador e autor de bandas desenhadas.
Aos 4 anos, ingressou na Fundação Musical dos Amigos das Crianças, onde iniciou os seus estudos de violino. Continuou a sua formação em música clássica no Conservatório Nacional de Lisboa e na Escola Superior de Música Sacra, estudando órgão com Antoine Sibertin-Blanc. Aos 13 anos, tornou-se músico profissional ao integrar a Orquestra Universitária de Música de Câmara.
Na década de 60, fundou a banda Plexus, que introduziu o Free Jazz em Portugal. O grupo gravou um disco em 1969, combinando rock, improvisação e música contemporânea. Após ser enviado para Angola durante a guerra colonial, Zíngaro retomou o projeto em 1973, com uma sonoridade influenciada pelo free jazz. Após a Revolução de 1974, colaborou com diversos artistas, incluindo Júlio Pereira, Sérgio Godinho e Zeca Afonso.
Em 1975, concluiu o curso de cenografia na Escola Superior de Teatro de Lisboa, iniciando uma carreira paralela como cenógrafo, trabalhando em figurinos e cenários para peças teatrais. Em 1978, participou do primeiro Encontro de Teatro Instrumental na Universidade Técnica de Wroclaw, na Polónia, onde estudou música electro-acústica. Obteve uma bolsa Fulbright e, em 1979, continuou os seus estudos na Creative Music Foundation, em Nova Iorque.
Desde então, Zíngaro colaborou com renomados músicos improvisadores, como Anthony Braxton, Barre Phillips, Christian Marclay, Evan Parker e outros. A sua trajetória abrange uma ampla variedade de expressões artísticas, consolidando-o como uma figura multifacetada e inovadora na cena musical e artística portuguesa.
Francisco Lima da Silva (1992) iniciou os seus estudos musicais no Conservatório de Música da Metropolitana com a professora Inês Saraiva. Graduou-se em instrumentação de orquestra na Academia Nacional Superior de Orquestra, sob a orientação do professor Aníbal Lima. Tocou em importantes salas nacionais com a Orquestra Metropolitana de Lisboa e o Concerto Moderno, colaborando com maestros como Jean-Marc Burfin, Pedro Neves, Emilio Pomàrico, Michael Zilm, Pedro Amaral e César Viana.
Começou a estudar composição com César Viana e David del Puerto em Madrid. Em 2019, concluiu com distinção o MA in Arts em composição na Cardiff University, sob a supervisão de Pedro Faria Gomes, Arlene Sierra e Robert Fokkens. Atualmente, é doutorando na mesma instituição, orientado por Pedro Faria Gomes e Nicholas Jones. Além disso, frequenta a pós-graduação em Composição Aplicada na Escola Superior de Música de Lisboa, com os professores Luís Náon, Michele Tadini, Rut Schereiner e Alex White.
Colaborou com diversos grupos musicais, como a Orquestra Académica Metropolitana, Orquestra Académica da Universidade de Lisboa, Riot Ensemble, Trio Oberon, Ensemble MPMP, Ópera do Castelo, Ensemble Darcos e Orquestra Metropolitana de Lisboa. Sua peça 'Derealisation' foi selecionada para o 'Compositon Wales 2021' e apresentada pela BBC National Orchestra of Wales sob a direção do maestro Ryan Bancroft. No 14º Concurso Internacional de Composição da Póvoa de Varzim, venceu o primeiro prêmio e o prêmio do público com a peça 'Sonho Lúcido'. Escreveu 'Nostalgia' para viola solo, encomendada pela Antena 2/RTP para a 35ª Edição do Prémio Jovens Músicos. Além de suas composições, atua como orquestrador e arranjador, destacando-se sua colaboração recorrente com o festival Operafest Lisboa. É membro fundador do projeto Everysound e do coletivo de música eletrônica Gnu Vai Nu.
Bernardo Aguiar (1995) iniciou os seus estudos de violino aos cinco anos, sob a orientação da professora Inês Saraiva, no Conservatório Metropolitano de Música de Lisboa. Em 2017, concluiu sua licenciatura em Madrid, sendo bolsista do Centro Superior Katarina Gurska e aluno do professor Sergey Teslya. Em 2020, obteve o título de Mestre em Música na Universidade ArtEZ em Zwolle (Holanda), sob a orientação da professora Sarah Kapustin. Ao longo de sua formação, teve a oportunidade de aprender com músicos renomados como César Viana, David del Puerto e Noélia Rodiles.
Se apresentou nas principais salas de concerto em Portugal, incluindo o Centro Cultural de Belém, o Teatro Municipal São Luiz, o Teatro Nacional São Carlos e a Casa da Música. Na Espanha, realizou concertos nas maiores cidades do país, e internacionalmente em países como os Estados Unidos da América, Noruega, Itália, França e Inglaterra. Colaborou com diversas orquestras nacionais de destaque, como a Orquestra Gulbenkian e a Orquestra Metropolitana de Lisboa.
Como membro fundador do ensemble Concerto Moderno, criado em 2011 pela violinista Inês Saraiva e pelo maestro César Viana, Aguiar atuou como concertino, compartilhando o palco com solistas como Iddo Bar-Shai, Natalia Tchitch, Paulo Gaio Lima e Pavel Gomziakov. Em 2016, tocou várias vezes como solista junto ao ensemble. No Trio Ayren, do qual é membro, venceu o Concurso Permanente de Juventudes Musicales de España na categoria de música de câmara em 2015, apresentando-se desde então nas principais salas de concerto da Espanha.
Colaborou regularmente com The Flying Gorillas, um coletivo sediado em Londres que busca aproximar a música e a dança de pessoas com pouco acesso a essas formas de arte, levando-o a países como Índia, Romênia, Turquia, Itália e Alemanha, onde trabalhou com refugiados. Além disso, é membro fundador do coletivo Gnu Vai Nu e do projeto Everysound.
David Magalhães Alves (1992) é um artista visual e músico residente em Lisboa. Licenciado em Pintura pela Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa em 2016, tem trabalhado de forma independente em projetos multidisciplinares e exibido obras em várias exposições coletivas.
Como músico, completou o 5.º ano do Nível Médio em Violino no Conservatório Metropolitano de Música de Lisboa em 2008. De 2003 a 2010, participou em vários estágios, workshops e festivais a nível nacional e internacional. Em 2013, fez parte da Classe do 8.º ano do Curso Complementar de Violino da Escola de Música do Colégio Moderno. Em 2014, foi membro fundador e Concertino da Orquestra da Universidade de Lisboa. Além disso, desempenhou um papel crucial como membro fundador da orquestra "Concerto Moderno", contribuindo para as temporadas de concertos entre 2011 e 2017 em várias salas de concerto e festivais, tais como Teatro S. Luiz, Teatro Nacional S. Carlos, Festival Terras Sem Sombra, Real Sitio de San Idelfonso e Palácio Nacional da Ajuda.
Ao longo da sua carreira, colaborou com diversos projetos, atuando ao lado de músicos internacionalmente reconhecidos, tais como Gwendolyn Masin, Aníbal Lima, Carlos Zíngaro, Pavel Gomziakov, Natalia Tchitch, Iddo Bar-Shai, Carla Caramujo, Daniel Garlitsky, Phill Niblock, Tiago Bettencourt, entre outros.
Entre 2017 e 2020, foi colaborador regular nos serviços Educativo e de Comunicação do Museu Oriente. Atualmente, mantém uma atividade ativa como artista visual independente, contribuindo para o projeto Everysound desde 2019. Ele é membro fundador do coletivo multimídia Gnu Vai Nu e faz parte do quarteto de cordas ZARM Ensemble, com apresentações no festival MIA de Atouguia da Baleia (2019), Faroeste EMCII, Caldas da Rainha (2021), Culturgest (2022) e Ciclo de Polinização de Paredes de Coura (2022). Além disso, participa no projeto "Renova", liderado pelo músico Carlos Zíngaro e pela coreógrafa Paula Pinto, vencedor das Renova Art Commissions (RAC) 2021, com curadoria de Martim Sousa Tavares.